quinta-feira, 24 de março de 2011

E por que não?

Muito se diz, se briga, se acusa, se condena, no Brasil, sobre descriminalização das drogas. Mas até hoje não vi ninguém no Brasil discutir o que é droga.
Vamos ao dicionário:


Priberam:
droga (ó)
s. f.
1. Nome genérico de todos os ingredientes que têm aplicação em várias indústrias bem como na farmácia.
2. Substância que pode modificar o estado de consciência.
3. Especiaria aromática.
4. Ingrediente.
5. Pop. Tecido de lã ou seda.
6. Coisa de pouca utilidade ou cuja aplicação se desconhece.
dar em droga: perverter-se .
Ter mau êxito.
Arruinar-se, malograr-se, prostituir-se.
droga leve: aquela que tem efeitos menores no organismo.
droga dura: a que gera um estado de dependência.

Pois é, nem os dicionários atrevem-se a citar exemplos, o conceito de droga é muito relativo, o que te faz mal, não necessariamente me agredirá.
Comecei esse texto porque algo me irrita muito nessa discussão. As pessoas. O brasileiro em especial tem o dom de ser arrogante, prepotente, dono da razão. A única opinião correta é a própria.
Gostaria que me apresentassem uma explicação no mínimo razoável para a venda de bebidas alcoólicas e cigarros em TODOS estabelecimentos comerciais no Brasil, ao mesmo tempo que se condena um baseado.

Saúde
O cigarro mata 200 mil pessoas por ano no Brasil. Mas não é droga.....é só um cigarrinho. E você pode comprar em qualquer esquina por uma merreca. O cigarro brasileiro é o 6º mais barato do mundo!
Vende-se cigarro barato, para depois.... o governo gastar R$ 338,6 milhões para tratar doenças relacionadas ao consumo do tabaco (valor do ano 2010) – mas sem problemas, é só um cigarrinho.

Os gastos públicos com saúde relacionados com o consumo de álcool no Brasil ultrapassaram R$ 20 milhões, enquanto as empresas que dominam o mercado brasileiro lucram mais de R$ 20 bilhões por ano.
Hoje o Brasil é o 3º maior consumidor de cerveja do mundo. Para manter esse mercado vivo as empresas gastam cerca de R$ 900 milhões anuais com publicidade. Quarenta e cinco vezes mais do que o necessário para se tratar todos os doentes.

Tráfico
Estima-se que o tráfico no Brasil renda aos comerciantes cerca de R$ 1,5 bilhão por ano (valor que acredito ser muito maior). E o melhor, livre de impostos! Afinal se é proibido, não é taxado. Cada um bota o preço que bem entender, vende onde lhe interessar e depois os gastos com saúde que fiquem por conta do governo (dinheiro de quem mesmo?!?!).
Só em dezembro do último ano foram gastos mais de R$ 600 milhões (!!!) para combate ao tráfico nas fronteiras do país. Isso mesmo, só nas fronteiras.
O país gasta milhões para “combater” as drogas. Os traficantes lucram bilhões com a venda de mercadorias sem impostos. O governo trata as drogas como caso de polícia. E gasta milhões para tratar a saúde dos usuários que a polícia não conseguiu manter longe das drogas.
É dinheiro que come dinheiro enquanto a mercadoria rola solta país a fora e o seu lucro rola sempre bolso adentro, porém só dos traficantes.
Descriminalizando as drogas não haveria gastos absurdos com combate ao tráfico, seria mínimo, a mesma política pra controlar contrabando de mercadorias do Paraguai (só um exemplo) e teríamos impostos cobrados em cima dessas substâncias que bancariam o custeio dos tratamentos de dependentes e quaisquer outros gastos relacionados.
Além é claro de ter empresas especializadas, gerando empregos, tecnologia, e um padrão de mercado. Afinal, maconha não serve só pra se fumar. Pode ser muito aproveitada na medicina, indústria têxtil, construção civil e muitas outras finalidades.
Tratar as drogas com polícia é no mínimo burrice, temos anos e anos de relatos que comprovam isso.
Mas como diria minha vó, não confunda cu com bunda. Defendo sim a descriminalização, mas isso não significa cocaína no mercado ao lado das maçãs. Nem crack pendurada ao lado dos salames. É simples, cigarro é droga, tem imposto, comércio, usa quem quer, morre por ele quem quer. Bebida idem. Façamos o mesmo com a cannabis que diferente dos citados anteriormente não é algo industrializado (até por isso não a considero uma droga) e que já é cultivado ilegalmente em diversos pontos do Brasil, principalmente nas Regiões Norte e Nordeste que são produtores famosíssimos de determinadas espécies de Cannabis como a Manga Rosa da Bahia e o Cabrobró de Pernambuco. 
Assim como o álcool e tabaco. Que se venda, se use e se morra livremente.
Aquela história... ema, ema, ema, cada um com seu...

Leandro Faustino

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. E ai Leandro que legal que você voltou a escrever no seu blog, parabéns, muito bom o artigo... assim como você também sou a favor da discriminalização, mas apenas da maconha, pois é como vc citou acima (não é considerado droga),mas, os demais psicoativos químicos, que despertam em alguns o crime em pról da sua auto sustentação viciosa, não sou a favor... mas é curioso ainda a sociedade encher a cara num churrasco de família e discriminar o uso da cannabis... valeuuu!!!

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