quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Outubro ou nada

Época de eleição e já começam os e-mails, são fotos comprometedoras, artigos de jornais, piadas com os candidatos do momento. Tudo isso teria algum valor caso chegasse a nossos olhos com a imparcialidade necessária a esse assunto. Mensagens criticando governos e candidatos, alegando os prós e contras, não passam de barata propaganda eleitoral. E bota barata nisso já que a maioria dos e-mails que tenho recebido são de pessoas comuns que aparentemente não tem ligação alguma com os candidatos.
Meio a todo esse lixo eletrônico que é despejado diariamente em minha caixa de mensagens percebi que independentemente do candidato anunciado (ou denunciado em alguns casos) o objetivo é sempre o mesmo, convencer uma pessoa a ter a mesma opinião do que lhe envia a mensagem. Diante dessa guerra por provar quem está correto (não os candidatos, mas aqueles que os promovem gratuitamente através dos serviços de e-mail) resolvi entrar na dança.
O objetivo dessa mensagem é mostrar que todas as outras mensagens “políticas” (que de política nada têm) não devem servir de base para uma decisão tão importante quanto o voto, uma vez que não passa de pura propaganda. Basear seu voto num e-mail sensacionalista é equivalente a receber um panfleto de um restaurante e durante quatro anos não fazer nenhuma refeição que não seja a do panfleto. Isso não significa que devemos ignorar os e-mails ou panfletos, mas sim, entender que eles não passam de “vitrine”, e que a propaganda não reflete todo conteúdo do produto. A pesquisa de mercado não é valida somente para as compras de bens materiais, mas também para os serviços prestados (sim, serviços prestados, afinal qualquer político na esfera que seja ainda está a serviço do povo, ao menos deveria). Outubro está aí. Minha opinião está formada, não por e-mail ou santinho, mas sim por pesquisa, por ideais e valores que segui minha vida toda.

Está na hora de entender que o defeito de um candidato não torna o outro melhor, de escolher nosso candidato por suas virtudes, não pelos defeitos dos concorrentes.

O VOTO

NUNCA VOTE NULO! Votar nulo é alimentar o inimigo, é a contramão da democracia, só favorece quem está no topo. Pensar que votar nulo é protestar é pura ignorância. Voto nulo não impede a eleição de maus candidatos, só permite que eles continuem na mesma posição que estão.

O brasileiro sofre de um mal que tem arrastado a política nacional por uma mesmice sem fim. O que assistimos constantemente nos esportes, concursos e pesquisas é fato também nas urnas. O brasileiro não gosta de perder. Mas existe fórmula mágica para a vitória? Se existe não conheço, mas o povo se acostumou a uma fórmula que parece bastante simples. Torcer para quem já está ganhando. Assim é mais fácil, sem gozação para o perdedor, não existe frustração da batalha perdida. Conversando com algumas pessoas percebi que o que mais motiva o eleitor é a certeza de que seu voto irá para o “vencedor”.

Mas quem foi que disse que o primeiro é sempre o melhor? Que as propostas do 1º colocado na pesquisa são interessantes para todo o país? Eleição não é boxe, onde vence o mais forte ou corrida, onde vence o mais rápido. Eleição é disputa para ser vencida por quem tem projetos e idéias que mais coincidem com a vontade popular. O problema é que enquanto o povo brasileiro achar que estar do lado que “vence” é mais importante do que suas próprias necessidades, elegeremos sempre o que o jornal aponta como preferido.



Leandro Faustino


* Texto publicado em Agosto/2010 na: http://www.radiocanalha.blogspot.com/
** Visitem a http://www.radiocanalha.blogspot.com/- Informações sobre Rock e outras putarias mais!

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Eu


Gosto de andar sozinho à noite. Me faz pensar e “prepara” o corpo para a cama. Numa certa caminhada noturna comecei a refletir sobre como cheguei a onde estou. Não local, já que morei a vida toda no mesmo lugar, mas também local (confuso?), pois pra mim o ser humano não é só animal, só raciocínio. O ser humano é coisa, objeto, som, sentimento, lugar, imagem, cheiro, gosto e tudo mais o que se puder imaginar. Tentei então listar o que, ao longo de minha vida (nem tão longa assim), me fez ser quem eu sou hoje.

O problema é resumir sua vida em itens, coisa bem mais simples pros que chegam ao mundo hoje, que consideram seus itens a si. (acho que isso renderia outro post, quem se propõe?)

Então lembrei que são de fato os detalhes que formam um homem, e seguindo esse pensamento, tentei não me prender a nada sentimental, político, econômico, mas sim situações.

Sejam essas situações boas ou más, o importante é que as vivi e aprendi com elas. É isso que me faz quem sou,comer chocolates de madrugada, as conversas no bar com os amigos, música, o cafuné da namorada em minha barba, capuccino ao ar livre, sempre esquecer algo em casa, sempre esquecer algo no trabalho, sempre esquecer, o almoço na casa da vó Zabé recheado de besteiras familiares, não aceitar a opinião do chefe simplesmente pela hierarquia, leite condensado com toddy no congelador, fazer caipirinha sentado no chão, aprender, ensinar, Brahma gelada suando o copo, arroto com azia, sentir cheiro de tudo – até do que não tem cheiro, comer até ter dificuldade para respirar, olhar o céu a noite mesmo que não haja estrelas, cheiro de chuva, sorrisos.


Leandro Faustino, muito prazer.