terça-feira, 26 de julho de 2011

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Há exatos vinte anos foi lançado o disco que mudou minha vida e de milhares de outros jovens. Em 1991 os pais do punk, RAMONES, lançaram seu lendário álbum LOCO LIVE. 



Trinta e três socos na cara sem pausa para respirar. Um disco impossível de selecionar faixas, a fração de segundos necessária para o já clássico 1-2-3-4 era o suficiente só para meio fôlego tornando o álbum uma espécie de disco de uma música só. LOCO LIVE foi feito para se ouvir como o show, de supetão, sem pausas, sem cortes, sem firulas, sem meias-palavras. Ao começar esse post a intenção era escrever algo emocionado que demonstrasse a importância dos RAMONES e do LOCO LIVE em minha vida. Porém após alguns minutos admirando a capa com um sorriso bobo no rosto, cantarolando e batucando em qualquer coisa que minhas mãos alcançassem me convenci que esse é um disco que não precisa de release, propaganda ou apelo para ser ouvido. Basta um botão: PLAY. O resto pode deixar por conta dos RAMONES. Para quem procura algo para fazer esta noite nesse Mondo Bizarro, o disco chega como um ataque relâmpago, levantando os corpos do cemitério de animais, e levando todos  com Bonzo para Bitburg, ao som de uma rock’n’roll radio e um pássaro surfando no safári todos cheiram cola e se convidam para dançar. E mesmo sabendo que os RAMONES não podem mais se apresentar, sonho e vibro com esse show. Afinal I believe in miracles!




¡Adios Amigos!



segunda-feira, 23 de maio de 2011

Só pra variar

Estava lendo o excelente blog www.umtalpoeta.blogspot.com do grande amigo Vagnão e me deparei com lindos poemas de temas distintos. Inspiração pura, vale a leitura.  Difícil entender porque a maioria das pessoas ainda acha que poesia ou é coisa de velho ou só pode falar de romance. Para essas escrevi esse soneto há alguns anos.
 
Só pra variar
Hoje escreverei sem rima
Direi garota e não menina
Não rimarei achar com par

Rimarei luz com petróleo
Sem Jesus na santa ceia
Com o papa na cadeia
Misturando água e óleo

Feijoada com abacate
Pão com massa de tomate
No cardápio tem lugar

Pois o arroz com feijão
Em alta valorização
Hoje não irei jantar


Desenterrarei aqui meus arquivos assim que o tempo permitir.

Acompanhem Vagner Zaffani em: SuperCrônico e Umtalpoeta


quinta-feira, 24 de março de 2011

E por que não?

Muito se diz, se briga, se acusa, se condena, no Brasil, sobre descriminalização das drogas. Mas até hoje não vi ninguém no Brasil discutir o que é droga.
Vamos ao dicionário:


Priberam:
droga (ó)
s. f.
1. Nome genérico de todos os ingredientes que têm aplicação em várias indústrias bem como na farmácia.
2. Substância que pode modificar o estado de consciência.
3. Especiaria aromática.
4. Ingrediente.
5. Pop. Tecido de lã ou seda.
6. Coisa de pouca utilidade ou cuja aplicação se desconhece.
dar em droga: perverter-se .
Ter mau êxito.
Arruinar-se, malograr-se, prostituir-se.
droga leve: aquela que tem efeitos menores no organismo.
droga dura: a que gera um estado de dependência.

Pois é, nem os dicionários atrevem-se a citar exemplos, o conceito de droga é muito relativo, o que te faz mal, não necessariamente me agredirá.
Comecei esse texto porque algo me irrita muito nessa discussão. As pessoas. O brasileiro em especial tem o dom de ser arrogante, prepotente, dono da razão. A única opinião correta é a própria.
Gostaria que me apresentassem uma explicação no mínimo razoável para a venda de bebidas alcoólicas e cigarros em TODOS estabelecimentos comerciais no Brasil, ao mesmo tempo que se condena um baseado.

Saúde
O cigarro mata 200 mil pessoas por ano no Brasil. Mas não é droga.....é só um cigarrinho. E você pode comprar em qualquer esquina por uma merreca. O cigarro brasileiro é o 6º mais barato do mundo!
Vende-se cigarro barato, para depois.... o governo gastar R$ 338,6 milhões para tratar doenças relacionadas ao consumo do tabaco (valor do ano 2010) – mas sem problemas, é só um cigarrinho.

Os gastos públicos com saúde relacionados com o consumo de álcool no Brasil ultrapassaram R$ 20 milhões, enquanto as empresas que dominam o mercado brasileiro lucram mais de R$ 20 bilhões por ano.
Hoje o Brasil é o 3º maior consumidor de cerveja do mundo. Para manter esse mercado vivo as empresas gastam cerca de R$ 900 milhões anuais com publicidade. Quarenta e cinco vezes mais do que o necessário para se tratar todos os doentes.

Tráfico
Estima-se que o tráfico no Brasil renda aos comerciantes cerca de R$ 1,5 bilhão por ano (valor que acredito ser muito maior). E o melhor, livre de impostos! Afinal se é proibido, não é taxado. Cada um bota o preço que bem entender, vende onde lhe interessar e depois os gastos com saúde que fiquem por conta do governo (dinheiro de quem mesmo?!?!).
Só em dezembro do último ano foram gastos mais de R$ 600 milhões (!!!) para combate ao tráfico nas fronteiras do país. Isso mesmo, só nas fronteiras.
O país gasta milhões para “combater” as drogas. Os traficantes lucram bilhões com a venda de mercadorias sem impostos. O governo trata as drogas como caso de polícia. E gasta milhões para tratar a saúde dos usuários que a polícia não conseguiu manter longe das drogas.
É dinheiro que come dinheiro enquanto a mercadoria rola solta país a fora e o seu lucro rola sempre bolso adentro, porém só dos traficantes.
Descriminalizando as drogas não haveria gastos absurdos com combate ao tráfico, seria mínimo, a mesma política pra controlar contrabando de mercadorias do Paraguai (só um exemplo) e teríamos impostos cobrados em cima dessas substâncias que bancariam o custeio dos tratamentos de dependentes e quaisquer outros gastos relacionados.
Além é claro de ter empresas especializadas, gerando empregos, tecnologia, e um padrão de mercado. Afinal, maconha não serve só pra se fumar. Pode ser muito aproveitada na medicina, indústria têxtil, construção civil e muitas outras finalidades.
Tratar as drogas com polícia é no mínimo burrice, temos anos e anos de relatos que comprovam isso.
Mas como diria minha vó, não confunda cu com bunda. Defendo sim a descriminalização, mas isso não significa cocaína no mercado ao lado das maçãs. Nem crack pendurada ao lado dos salames. É simples, cigarro é droga, tem imposto, comércio, usa quem quer, morre por ele quem quer. Bebida idem. Façamos o mesmo com a cannabis que diferente dos citados anteriormente não é algo industrializado (até por isso não a considero uma droga) e que já é cultivado ilegalmente em diversos pontos do Brasil, principalmente nas Regiões Norte e Nordeste que são produtores famosíssimos de determinadas espécies de Cannabis como a Manga Rosa da Bahia e o Cabrobró de Pernambuco. 
Assim como o álcool e tabaco. Que se venda, se use e se morra livremente.
Aquela história... ema, ema, ema, cada um com seu...

Leandro Faustino

sexta-feira, 18 de março de 2011

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Logoff


Quando criança, corria descalço pelo bairro jogando bétia na rua, acho que esse foi o mais perto que cheguei de ser atleta. Até hoje carrego a marca nos pés de um dia em que “dei uma bicuda” na redonda, ou quase, a redonda rolou, e arrebentei os dedos na calçada. Bom, nesse dia aprendi a só sair de casa devidamente calçado.

Adolescente com os hormônios em fúria, apaixonei-me pelo rock, gravava em fita cassete as lindas canções de RAMONES, PANTERA, RAIMUNDOS, e tantos outros. Soava como libertação, ali, no rock, aprendi sobre política, música, vida, sexo, drogas, como fugir de uma briga, como entrar em uma briga. O rock, assim como a bétia, me rendeu lições, aprendi música, aprendi respeito, e principalmente, aprendi que ressaca não tem cura.


Já adulto, quando as portas do mundo se abrem, todas essas pequenas situações são maximizadas. A estupidez de uma criança pode até ser engraçada, já a de um adulto.... Acidentes automobilísticos são bem diferentes de chutar calçada, mas são tão eficientes quanto na hora da lição (ao menos para alguns). Tequilas e volante definitivamente não combinam.


Cerveja e brigadeiro são deliciosos, mas seu estômago já não é tão durão quanto antes, misture-os e você certamente terá um baita d’um “dilurimento nas tripa”, como diria Vó Zabé. Todas as encrencas e aventuras que me meti me ajudaram de alguma forma, seja pra ensinar a me dar bem na vida ou a foder menos com ela.

Vi de perto a evolução das redes sociais e interatividade online. E vejo diariamente a “falta de vida” que nos cerca. Futebol virou Pro Evolution Soccer (ou FIFA, depende do gosto). O papo da pracinha virou chat, a balada se transformou em comunidade no Orkut. Pergunte a uma criança o que é um rolimã, ela vai rir e dizer que não precisa, pois já lançaram o novo Need For Speed pro PS3. Se alguém te incomoda, você não contesta, clica com o direito e seleciona bloquear contato.

Eis o paradoxo, um professor de informática criticando a evolução tecnológica. Aí está o detalhe, sou plenamente a favor da tecnologia e todas as facilidades que ela nos proporciona. Só não acho correto abdicar de uma vida para usufruir de um mundo virtual.

A cada dia fica mais notável a falta de capacidade de comunicação dos mais jovens. Eles teclam muito bem (não disse que escrevem corretamente, só digitam bem), fazem downloads, publicam suas fotos nas comunidades virtuais. Mas coloque dois deles lado a lado. Fica nítida a dificuldade de se relacionar com o mundo. Eles falam errado, comem errado, se sentam errado. Ou será que fui eu quem aprendeu errado? Que me enganei ao pensar que ir a casa de um amigo lhe dar um abraço é mais importante que enviar um depoimento no Orkut. Que uma boa conversa é mais esclarecedora do que qualquer fórum. Que jogar bétia na rua é mais legal que damas on line.

Que me desculpem os “tuiteiros”, mas sou muito mais que 144 caracteres.


Leandro Faustino



* Texto postado em Setembro de 2010 na Rádio Canalha!

** Visitem http://www.radiocanalha.blogspot.com/




sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Grandes Lagos

Nascido e criado em São José do Rio Preto – SP, admirador eterno dessa bela cidade. Suas praças, avenidas, árvores, prédios, e cada cantinho colorido ou monocromo sempre encantaram esses meus olhos que um dia aqui descansarão.
Rio Preto é uma típica cidade interiorana, de semblante pacato e ventos quentes, com a maioria dos recursos das grandes capitais.Tudo o que é preciso pra viver bem se encontra aqui, e o que aqui não se produz, consegue-se com grande facilidade.
Mas o que deixa o riopretense tão ranzinza? Nunca vi um povo reclamar tanto de seu lar quanto o riopretense. Aquela velha história, o jardim do vizinho é sempre mais verde.

Uma pena, essas pessoas com certeza devem enxergam outra cidade que não a minha. Não vêem as riquezas aqui engrunhidas em muros, livros, bares, prédios, águas e tudo mais que fazem de Rio Preto um lugar especial.




Escrevendo esse post lembrei-me de uma canção que fiz tempos atrás. A letra segue abaixo, o áudio fica para um próximo post.

Grandes Lagos
Tanto distante quanto grande
Ao chegar me esbaldo em água
Sombra fresca não me falta
Terra bela, deslumbrante

Grande árvore na estante
Estampa a foto da infância
No sorriso da criança
A alegria é berrante

Campos verdes, prédios cinzas
Vicinais e avenidas
Me chamam pra passar

Passeando na cidade
Tanto cedo como tarde
Quero sempre na memória essa beleza, meu lugar


Leandro Faustino


*Fotografia por Evandro Rocha.
**Veja alguns trabalhos do fotógrafo em sua página: http://www.evandrorocha.com.br/

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Relacionamentos


Algumas pessoas anseiam por amor incondicional. Outros esperam ser idolatrados e venerados. Existem também os que buscam num relacionamento uma forma de, digamos, aumentar seu patrimônio. Também há aqueles que buscam realizar suas fantasias, mudar de vida, passar o tempo ou simplesmente não ficar só. Ainda bem que para todo ser existe um par. Para quem busca dinheiro, sempre há alguém disposto a pagar por companhia. Para quem quer adoração, existem aqueles que querem servir.

Mas o que mantém um relacionamento ativo? O que mantém um casal unido depois de tempos juntos? Simples. O próprio umbigo. Um relacionamento, como tudo na vida, só acontece se for interessante para todos os envolvidos. A partir do momento em que uma das partes não vê nessa relação suas necessidades atendidas surge o descaso. Não há nada pior para a vida a dois do que a falta de interesse, seja pelo que for. Da conversa que o parceiro só finge ouvir, da comida feita com carinho e engolida numa só garfada, do cafuné rejeitado, de segurar a mão enquanto passeia, do sexo só pra lembrar que ali já existiu um casal.

E são exatamente os detalhes que selam o destino de um relacionamento. Quando esses detalhes são positivos o resultado é um casal feliz, que sorri por qualquer coisa num domingo a tarde, pelo simples prazer da companhia. Sempre apreciei esses momentos. O abraço a qualquer hora. Uma conversa largado na cama. Um filme em dia chuvoso. O beijo que surge de repente. O carinho sem esperar resposta. O sorriso de agradecimento ao ver o parceiro bem.

Mas vocês devem estar se perguntando como posso falar de relacionamento a dois sem falar de amor. O amor é só mais um detalhe, o amor além do brilho é o remendo da relação. Usamos o amor para justificar o injustificável. Quando algum aspecto da relação não agrada nos vem logo à mente a caridade do amor, a segunda chance, o tentar de novo. O problema é quando o tentar de novo se torna a relação. Aí não há amor que junte os cacos.


Leandro Faustino